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Pais que não pensaram na aposentadoria

O tempo passa. O tempo voa. Já nos advertia o falido Banco Bamerindus. Quem se lembra?

Eu me lembro bem! Era criança e me divertia com a famosa música de seus comerciais, que dizia que a poupança do Banco continuaria numa boa com o “voar” do tempo. Não foi verdade, é bem verdade, mas a mensagem de “poupar é preciso”, “poupar para o futuro”, “temos pouco tempo para poupar” ficou em meus pensamentos.


O melhor momento para ter iniciado uma poupança foi há 20 anos, assim como o melhor momento de ter plantado uma árvore. O ideal mesmo seria que nossos pais começassem a fazer uma poupança para nós ao nascermos, por menor que fosse. Mas... o segundo melhor momento é: agora! Já! Não vale nada chorar o leite derramado. O que vale é fazer tudo o que está a nosso alcance agora.


O custo de não aprendermos a poupar, de não termos uma poupança, de não pensarmos no futuro, não planejarmos nossa aposentadoria pode ficar para nossos filhos. Sim, pais que não pensam na aposentadoria podem virar um fardo para os filhos, os netos. A ordem natural da vida pode ser invertida e pais podem tornar-se dependentes de seus filhos, não apenas emocional e fisicamente, mas também financeiramente.


Cuidar dos pais idosos exige atenção, cuidado e paciência. Exige e merece! Especialmente quando eles adoecem - e devemos tomar consciência de que esta é uma tendência natural. Pode chegar um momento que seja necessário trocar as fraldas, cobri-los durante a noite, alimentar e responder as mesmas perguntas repetidas vezes. Mas a dedicação precisa ser ainda maior quando há a necessidade de sustentá-los financeiramente. Se os pais tivessem se planejado financeiramente para ter cuidadores, estrutura adequada em casa, recursos suficientes para médicos e medicamentos, certamente sobraria mais tempo e mais energia para aos filhos lidarem com esta situação.


Por outro lado, cada vez mais os filhos atrasam suas saídas das “asas” dos pais. Esperam fazer faculdade, pós-graduação, galgar uma boa posição profissional, comprar a casa própria, e lá se vão as economias e os planos de aposentadoria dos pais. Os pais demoram a realizar que um dia fatalmente terão que se aposentar e, quando se dão conta, o tempo já escoou por entre seus dedos.


O custo de pensar na aposentadoria tarde demais é bem alto. Vamos pensar em um exemplo:

José tem 40 anos e decide que quer se aposentar aos 65. Ele quer ter o mesmo custo de vida que tem hoje, que é de R$ 10.000,00 ao mês. Ele contribui para o INSS e conta com uma renda de R$ 5.000,00 do programa do governo. Isto significa que ele terá que ter aos 65 anos um patrimônio de R$ 1.666.666,67 (considerando rentabilidade real de 0,3% ao mês após os 65 anos). Para chegar a este valor, ele precisa poupar R$ 3.433 por mês de hoje até lá.


(Vide planilha)


Se ele tivesse pensado nisso aos 20 anos de idade, teria 45 anos para encher o seu cofrinho da aposentadoria. Isso significa que ele poderia de poupado apenas R$ 1.237 por mês, um terço do que ele precisa poupar agora. Se José tivesse pensado nisso aos 30 anos, precisaria poupar R$ 1.985 por mês.


Se José puder poupar um pouco mais, pode ainda deixar uma herança a seus filhos, ao invés de dar uma responsabilidade financeira a eles, como muitas vezes acontece. Ao invés de morar na casa deles, tirando a privacidade dos filhos, noras, genros e netos, e perdendo também a sua, os pais podem planejar-se para deixar uma casa a eles. Ao invés de tirar seus filhos do trabalho para que sejam seus enfermeiros particulares, você pode ter um profissional para cuidar de você e ter seus filhos por perto apenas para trocar afeto, atenção, bater um bom papo e jogar buraco.


A “melhor idade” pode ser aproveitada da melhor forma possível. Curtindo a família, os netos, bisnetos, assistindo um bom filme com eles, doando tempo a eles, recurso que era mais raro na juventude. Então, que eles fiquem apenas com estes e não com a obrigação de sustentar financeiramente seus pais idosos. Filhos que precisam pensar na aposentadoria de seus pais, não conseguem pensar na própria aposentadoria e geram o mesmo problema para seus filhos. O problema perdurará gerações após gerações.


O que fazer agora?


Pais: comecem a programar sua aposentadoria desde já. Não importa a idade que vocês tenham, o melhor momento para começar a poupar é agora. O planejamento financeiro é importante para te ajudar a poupar o necessário, investir nos produtos adequados, avaliar viabilidade de seguro de vida, seguro saúde, planos de previdência privados, além do prazo correto dos investimentos e do perfil de risco. Um acompanhamento durante alguns meses pode ajudar muito a te manter “na linha” durante este processo que envolve mudanças de hábito, assim como as consultas periódicas e preventivas a seu médico de confiança.


Filhos: Conversem entre si e com seus pais também. Entendam quais são os gastos previstos para aposentadoria (onde querem viver, quantos carros querem ou precisam, quais são as rendas previstas, há doenças genéticas na família, dentre outros) e pensem nas diversas possibilidades de ajudá-los. Atualmente há várias formas de fazer isso, cabe apenas escolher os mais adequados à realidade dos seus pais e ao bolso dos filhos.